De Dandara aos nossos dias
Dos tempos de Dandara até os nossos dias, muita coisa mudou, mas a situação de opressão das mulheres continua, principalmente em relação as mulheres negras.
De acordo com última pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), tendo como base o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, calcula-se que, em média, ocorrem 5.664 mortes de mulheres por causas violentas a cada ano, 472 a cada mês, 15,52 a cada dia, ou uma a cada hora e meia. Dentre esses dados destaca-se a morte de mulheres negras que é alarmante! No Brasil, 61% dos óbitos de mulheres ocorreram com mulheres negras (que são 50% da população brasileira).
Não é difícil olharmos ao redor e vermos casos como o de Claudia, baleada durante operação policial no morro da Congonha, em Madureira, e arrastada por 350m pela viatura que deveria socorrê-la, ou como Joana Darc Brito, assassinada com dois tiros nas costas, tendo o socorro impedido pela UPP local.
Isso só mostra que o Estado, controlado pelos ricos e poderosos, pouco ou nada se importa com as mulheres, menos ainda quando são negras e pobres.
Para além da violência em seu mais alto grau que resulta em inúmeras mortes, é importante destacar a violência cotidiana que atinge as mulheres negras que sofrem a dupla discriminação manifestada no machismo e no racismo.
As mulheres negras ganham menos que as mulheres brancas e menos que os homens negros ocupando a escala mais baixa de salários. São as que estão nos empregos mais precarizados como domésticas, babás, ambulantes; tendo poucas chances de acesso à Previdência ou a escolaridade e, em grande parte chefiando famílias com seus baixos salários e péssimas condições de moradia.
A mulher negra e a Mídia
Os casos de violência à mulher negra são fortalecidos pelos meios de comunicação. É a naturalização da suposta inferioridade das mulheres negras retratados nos papéis sociais que estas ocupam em programas de televisão, novelas e filmes. Muitos também são os casos em que as mulheres negras são estereotipadas, tratadas como objetos sexuais ou são ridicularizadas como, por exemplo, faz o programa Zorra Total, da Rede Globo.
Há alguns meses, outro programa da Rede Globo trouxe polêmica com relação ao machismo e racismo. É o programa “Sexo e as Nega”, escrito por Miguel Falabella, que aborda a hipersexualização das mulheres negras, agregando a ideia de que as mulheres negras são pedaços de carne, que estão prontas para o sexo a qualquer momento. É a redução do papel social das mulheres negras a meros objetos do fetiche e da desumanização.
Recentemente, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) defendeu publicamente a série “Sexo e as Nega” afirmando que seu autor sempre “deu oportunidade para os atores negros”. Posturas como estas são inaceitáveis na esquerda socialista! É preciso deixar claro que as mulheres negras não precisam que se utilizem da imagem do negro pra reafirmar e naturalizar a dura rotina de exploração e opressão que sofrem seus corpos e mentes! É preciso que se combata todo e qualquer tipo de opressão e naturalização dos preconceitos em nossa sociedade.
A libertação de negros e negras é a libertação da classe trabalhadora!
Nós do PSTU temos orgulho de ser o partido que teve a maior proporção de mulheres, negros e pardos nas ultimas eleições. Acreditamos que para além do campo eleitoral, é importante que os setores mais oprimidos como as mulheres, os negros e os homossexuais se fortaleçam nas lutas e nas ruas, se organizando por uma sociedade diferente, por uma sociedade socialista.
Por isso dizemos que a luta dos homossexuais, das mulheres e a luta do povo negro deve ser a luta de toda a classe trabalhadora. O capitalismo nada garante a nos garante, pelo contrário, se utiliza dos preconceitos para melhor nos explorar, dividir e garantir o lucro dos patrões.
Há uma certeza: enquanto houver machismo, racismo e homofobia, ou seja, enquanto houver capitalismo, não haverá liberdade para os trabalhadores de conjunto.
É por esse motivo que o PSTU convida você a construir o que não pode mais esperar, convida você a lutar pelo socialismo.
Venha construir o PSTU, o partido das lutas e do Socialismo!