20 de nov. de 2014

Dia da Consciência Negra se faz nas ruas!


É chegado o dia 20 de Novembro que é tratado por vários governos como um feriado qualquer. Para nós, lutadores e lutadoras organizados no dia-a-dia para transformar o mundo contra toda a forma de opressão e exploração, é um dia diferente. É um dia marcado pelo sangue e suor da resistência negra, é o dia da morte de Zumbi do Palmares, uma das maiores lideranças das rebeliões quilombolas. Mas vale lembrar que dentre tantos nomes importantes da luta contra a opressão do povo negro existe o nome de uma mulher, que como tantas outras mulheres lutaram, cerraram seus punhos em nome da liberdade, mas ficaram apagadas ou esquecidas na história. Lembremos Dandara, companheira de Zumbi, liderança de negros e negras quilombolas na luta contra a escravidão!

De Dandara aos nossos dias
Dos tempos de Dandara até os nossos dias, muita coisa mudou, mas a situação de opressão das mulheres continua, principalmente em relação as mulheres negras.
De acordo com última pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada),
tendo como base o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, calcula-se que, em média, ocorrem 5.664 mortes de mulheres por causas violentas a cada ano, 472 a cada mês, 15,52 a cada dia, ou uma a cada hora e meia. Dentre esses dados destaca-se a morte de mulheres negras que é alarmante! No Brasil, 61% dos óbitos de mulheres ocorreram com mulheres negras (que são 50% da população brasileira).
Não é difícil olharmos ao redor e vermos casos como o de Claudia, baleada
durante operação policial no morro da Congonha, em Madureira, e arrastada por 350m pela viatura que deveria socorrê-la, ou como Joana Darc Brito, assassinada com dois tiros nas costas, tendo o socorro impedido pela UPP local.
Isso só mostra que o Estado, controlado pelos ricos e poderosos, pouco ou nada se importa com as mulheres, menos ainda quando são negras e pobres.

Para além da violência em seu mais alto grau que resulta em inúmeras mortes, é importante destacar a violência cotidiana que atinge as mulheres negras que sofrem a dupla discriminação manifestada no machismo e no racismo.
As mulheres negras ganham menos que as mulheres brancas e menos que os homens negros ocupando a escala mais baixa de salários. São as que estão nos empregos mais precarizados como domésticas, babás, ambulantes; tendo poucas chances de acesso à Previdência ou a escolaridade e, em grande parte chefiando famílias com seus baixos salários e péssimas condições de moradia.

 A mulher negra e a Mídia
Os casos de violência à mulher negra são fortalecidos pelos meios de comunicação. É a naturalização da suposta inferioridade das mulheres negras retratados nos papéis sociais que estas ocupam em programas de televisão, novelas e filmes. Muitos também são os casos em que as mulheres negras são estereotipadas, tratadas como objetos sexuais ou são ridicularizadas como, por exemplo, faz o programa Zorra Total, da Rede Globo.
Há alguns meses, outro programa da Rede Globo trouxe polêmica com relação ao machismo e racismo. É o programa “Sexo e as Nega”, escrito por Miguel Falabella, que aborda a hipersexualização das mulheres negras, agregando a ideia de que as mulheres negras são pedaços de carne, que estão prontas para o sexo a qualquer momento. É a redução do papel social das mulheres negras a meros objetos do fetiche e da desumanização.
Recentemente, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) defendeu publicamente a série “Sexo e as Nega” afirmando que seu autor sempre “deu oportunidade para os atores negros”.  Posturas como estas são inaceitáveis na esquerda socialista! É preciso deixar claro que as mulheres negras não precisam que se utilizem da imagem do negro pra reafirmar e naturalizar a dura rotina de exploração e opressão que sofrem seus corpos e mentes! É preciso que se combata todo e qualquer tipo de opressão e naturalização dos preconceitos em nossa sociedade.

A libertação de negros e negras é a libertação da classe trabalhadora!
Nós do PSTU temos orgulho de ser o partido que teve a maior proporção de mulheres, negros e pardos nas ultimas eleições. Acreditamos que para além do campo eleitoral, é importante que os setores mais oprimidos como as mulheres, os negros e os homossexuais se fortaleçam nas lutas e nas ruas, se organizando por uma sociedade diferente, por uma sociedade socialista.
Por isso dizemos que a luta dos homossexuais, das mulheres e a luta do povo negro deve ser a luta de toda a classe trabalhadora. O capitalismo nada garante a nos garante, pelo contrário, se utiliza dos preconceitos para melhor nos explorar, dividir e garantir o lucro dos patrões.
Há uma certeza: enquanto houver machismo, racismo e homofobia, ou seja, enquanto houver capitalismo, não haverá liberdade para os trabalhadores de conjunto.
É por esse motivo que o PSTU convida você a construir o que não pode mais esperar, convida você a lutar pelo socialismo.
Venha construir o PSTU, o partido das lutas e do Socialismo!