Nesse ano de
2013 ao mesmo tempo em que retomamos as ruas nas manifestações e protestos, em
que os trabalhadores redescobriram seu poder nas greves e paralisações, em que
as mulheres se levantaram contra o Estatuto do Nascituro e as negras e negros
contra os assassinatos e a violência policial nos bairros pobres, os governos
só fizeram aumentar a repressão, articularam suas polícias, prepararam novas
leis para poder considerar os manifestantes criminosos(veja aqui), investigaram ativistas,
invadiram suas casas e devassaram suas vidas.
A
força do movimento foi muito grande, e as conquistas que daí vieram são
importantes. Em São Paulo, além da redução do preço da passagem, recuperamos o
direito às manifestações de rua, em especial à Avenida Paulista. Antes de
junho, fechar a avenida Paulista em protesto era uma ação que cobrava seu preço
em milhares de reais e na repressão da polícia. Depois disso, trabalhadores e trabalhadoras,
jovens, estudantes, desempregados, pais e mães em luta por moradia, enfim todos
os que viam que por meio da luta junto aos seus companheiros poderiam melhorar
suas vidas e mudar a sociedade reconquistaram o direito de parar rodovias,
ruas, avenidas, estradas e levar suas bandeiras bem alto e forte. E lutaram por
uma educação melhor no Rio de Janeiro, por um transporte público melhor e mais
público em São Paulo, por mais democracia na USP e Unicamp, por melhores
condições de trabalho e salário nos dias 11 de julho e 30 de agosto, pelo direito
à cidade nas ocupações urbanas.
Essa
situação é delicada demais para ser tolerada pelos governos e pelos
empresários, especialmente às vésperas de uma Copa do Mundo, especialmente pelo
governo do Partido dos Trabalhadores, aceito pela burguesia nacional e
internacional pela sua capacidade de manter o movimento sob controle.
E
por isso desde junho e, mais ainda desde setembro, o governo Dilma articula-se
com Tarso Genro do PT no Rio Grande do Sul, com Cabral do PMDB no Rio, com
Alckmin do PSDB em São Paulo e com quem mais for necessário para garantir que
sejam tomadas as devidas ações para vigiar e punir os que lutam e os que
organizam as lutas.
O
ponto mais trágico desse processo foi o governo Dilma ter colocado o exército
nas ruas contra os petroleiros para garantir o leilão do campo de Libra em
outubro.
No
Rio Grande do Sul a polícia militar, a mando do governador Tarso Genro,
investigou os integrantes do Bloco de Lutas, que organizou ações na luta pelo
Passe Livre, invadiu a casa do militante do PSTU Matheus Gomes e de outros
ativistas, apreendeu livros e computador e os indiciou.
Em São Paulo
mais de cem manifestantes foram indiciados por ter participado das
manifestações. Na maior parte dos casos, o testemunho referente ao crime pelo
qual o manifestante está sendo indiciado é dado pelos próprios policiais(veja
mais aqui).
Entre os indiciados estão cerca de quarenta militantes do PSTU.
Poderíamos
seguir desenvolvendo aqui uma lista imensa com os casos de criminalização,
desde os trabalhadores da Universidade Federal do ABC que estão sendo
processados por terem se organizado para enfrentar o assédio moral no trabalho
até a vereadora do PSTU em Natal, Amanda Gurgel, vereadora do PSTU que tem seu
mandato ameaçado de cassação, junto com o vereador Sandro Pimentel do PSOL por
ter denunciado a atuação da máfia das empresas de transportes na Câmara dos
vereadores da cidade.
Mas tudo isso
não tem sido suficiente para arrefecer as lutas. Novas ocupações urbanas como a
Ocupação Esperança em Osasco e William Rosa em Contagem-MG surgem após o
massacre do Pinheirinho em São José dos Campos e resistem às ameaças de
reintegração de posse concedidas pela justiça e às tentativas de intimidação
dos líderes do movimento.
E assim, 2014 vem se aproximando e promete ser
ainda mais intenso de 2013. Vamos às ruas contras os mandos e desmandos da
FIFA! Vamos às ruas por saúde, educação e transporte públicos de qualidade!
Vamos às ruas pelo direito à cidade, por melhores condições de trabalho e por
melhores salários!
Mas é preciso
que os movimentos e organizações se preparem, não podemos apenas assistir ao
aumento da repressão, precisamos lutar pelo direito de lutar!
Por isso, o
PSTU ABC convoca todas as organizações e todos os ativistas que acreditam que a
luta pode melhorar suas vidas e mudar a sociedade para um primeiro Ato contra a Criminalização dos Movimentos Sociais, dia 10/12, 14h no Largo
São Francisco em São Paulo.
Para maiores informações, veja a convocatória do ato aqui.