No inicio do ano, os sete prefeitos do ABC aumentaram o valor das passagens de ônibus conjuntamente, passando de R$ 2,90 para R$ 3,30 em quase todas as cidades, articulados através do Consórcio Intermunicipal. Durante os atos realizados em Janeiro e Fevereiro pela revogação dos aumentos, os prefeitos mentiram com relação ao papel desempenhado pelo Consórcio, pois negavam a articulação existente entre os aumentos praticados na região.
Iniciada as jornadas de junho, com grande mobilização da juventude e dos trabalhadores que também atingiram o ABC e fizeram grandes atos em Santo André, São Bernardo, Diadema e demais cidades, tudo mudou. O Consórcio reuniu os prefeitos e fez duas reduções: Primeiramente diminuiu as tarifas para R$ 3,20 (seguindo a redução de impostos), e em seguida diminuiu para R$ 3,00, atendendo a pressão política das ruas e seguindo a redução da Capital.
Dessas reduções podemos tirar duas conclusões: 1) Aumentar ou reduzir a passagem é uma questão POLÍTICA, os prefeitos escolhem beneficiar os empresários de ônibus a custa de explorar mais ainda a população que sofre cotidianamente com as péssimas condições do transporte. 2) Quando a juventude e os trabalhadores saem às ruas e exigem seus direitos é possível derrotar os governos!
Nenhum compromisso com a população
No dia 15 de julho, os prefeitos das sete cidades do ABC receberam uma comissão representativa do movimento no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. Apesar das grandes manifestações, os prefeitos seguem a linha do governo federal e não apresentam nenhuma proposta concreta que resolva os problemas reivindicados pela população. Sobre a pauta apresentada pelo Comitê referente ao transporte público, os prefeitos não fizeram nenhum compromisso de atender as reivindicações. A única saída apresentada por alguns prefeitos foram as plenárias participativas, onde a população tem que escolher entre reformar a UBS ou a escola, fazer saneamento básico ou asfaltar as ruas. Estas plenárias não atendem as reivindicações da população, são insuficientes. A juventude e os trabalhadores querem saúde, educação, transporte e cultura, mas para isso é necessário que os prefeitos parem de usar o orçamento municipal para pagar a divida com a união e usem as verbas nas áreas sociais e atendam a todas as reivindicações.
Luis Marinho: Descaso com o povo e repressão ao movimento
O presidente do Consórcio e prefeito de São Bernardo do Campo, Luis Marinho do PT, se mostrou um verdadeiro ditador. Se não bastassem as repressões ocorridas na cidade de São Bernardo, onde Marinho mandou a Policia Militar de Geraldo Alckmin perseguir e agredir manifestantes de todas as idades, na reunião no Consórcio, Marinho que primeiro tentou impedir que todos os representantes do movimento fossem atendidos, se utilizou de ironias para responder as pautas do movimento, e ao final da reunião ameaçou processar os presentes que assinaram a lista de presença (mostrada como protocolo do local) e ainda chegou a agredir fisicamente junto com seus seguranças ativistas que nada fizeram além de exigir respostas concretas ao prefeito (veja o vídeo no fim da postagem). Luis Marinho mostra sua democracia: para defender os interesses dos empresários, vale até soco na cara. Não podemos aceitar essa postura do prefeito petista. Queremos nossas reivindicações atendidas e respeito. Exigimos investigação das agressões ocorridas na manifestação do dia 1º de julho. Ao invés de criminalizar os manifestantes, Marinho deveria entrar com uma ação contra o Comandante da PM que realizou a repressão.
A luta pelo transporte não é só contra o aumento da passagem
Vale lembrar que o aumento realizado em janeiro pelos prefeitos não foi revogado. Antes a passagem custava R$ 2,90 em São Bernardo, Santo André e Mauá, R$ 2,80 em Diadema e R$ 2,75 em São Caetano. Apesar da redução conquistada nas ruas, a medida dos prefeitos ainda mantém o aumento para os empresários. Além disso, os problemas do transporte na região do Grande ABC não se limitam ao valor pago pelas viagens de ônibus: é necessário exigir também uma integração entre as cidades e a capital, que possibilite uma redução global no valor gasto por cada jovem e trabalhador, que para se deslocar nas cidades ou ir para São Paulo usa dois ou mais tipos de transporte. Também é preciso discutir o aumento das frotas e linhas de ônibus combinado com o aumento do horário de funcionamento do transporte que não deve parar.
Acreditamos que em cada cidade os prefeitos devem apresentar os contratos e as planilhas do transporte público para prestar contas dos gastos, incluindo os subsídios feitos com verba pública, e os lucros dos empresários. O PSTU defende o passe livre para estudantes e desempregados e a estatização do transporte público para que seja possível chegar a Tarifa Zero. É necessário tirar o transporte das mãos dos empresários para que não sirva como um negocio lucrativo como acontece hoje e sim como um direito de todo jovem e trabalhador para poder se deslocar nas cidades.
A luta continua, vamos organizar os próximos passos:
Para além dos transportes, a juventude e os trabalhadores precisam organizar a luta em defesa das demais reivindicações que vai desde a saúde e educação públicas, gratuitas e de qualidade até o fim dos leilões do petróleo. A exemplo do Rio de Janeiro e Belo Horizonte, o PSTU ABC defende organizar uma frente de discussão e ação para que todos os movimentos sociais, organizações e ativistas da região possam articular de forma democrática os próximos passos desta luta!
Está sendo construído um novo dia de lutas entre as Centrais Sindicais para 30 de agosto, precisamos nos organizar para fortalecer esse processo e levantar nossas bandeiras pela melhoria das condições de vida e trabalho e contra as políticas do governo que tiram dinheiro da população para aliviar a crise dos bancos e empresários.
Nesse sentido, vamos participar da reunião chamada pelo Comitê dos Trabalhadores e Juventude do ABCDMRR e convidamos a todos para que também participem!
Dia 21 às 16h no Projeto Meninos e Meninas de Rua localizado no Centro de São Bernardo na Rua Jurubatuba, nº1610.
