Giseli, Eloá, Elisa Samudio: até quando veremos mulheres serem
assassinadas?
Na madrugada
do dia 16 de novembro Giseli das Dores de 30 anos foi assassinada com tres
tiros, pelo seu companheiro, num bar em Diadema. Giseli foi mais uma vítima da
realidade dura em nosso país, onde uma mulher é morta a cada duas horas, a
maioria por seus próprios companheiros, e onde a cada dois minutos cinco
mulheres sofrem algum tipo de agressão física e da qual não faltam exemplos em
nossa região: como Giseli, Eloá também foi assassinada por seu companheiro em
seu próprio apartamento em Santo André. Esses dados são de 2010 e foram
recolhidos com base nos atendimento do SUS, mas infelizmente, de lá para cá a
realidade segue muito complicada. No ABC os dados são também assustadores, além
dos assassinatos e das agressões físicas, denunciam um estupro por dia na
região.
Infelizmente,
a lei Maria da Penha que poderia ser um avanço, segue não tendo equipamentos
públicos e verbas que garantam sua implantação na prática. No ABC as Delegacias
de Mulher só funcionam em dias e horários comerciais, assim como os centros de
referência que foram criados para atender as vítimas de violência. Mesmo se
Giseli tivesse tido tempo de procurar uma delegacia ou um centro de referência
para se proteger e denúnciar seu assassino teria dado com a cara na porta, já
que o assassinato ocorreu na madrugada, como a maioria dos casos.
As mulheres
que correm risco de vida, perseguição também difícilmente terão amparo, já que
na região existem apenas duas casas abrigo públicas, com 20 vagas cada,
divididas para as sete cidades do ABC. Com isso vários critérios definem quais
mulheres podem morrer e quais devem ser protegidas. Nesses abrigos, por
exemplos, só companheiras com filhos menores podem solicitar proteção, as que
não têm filhos ou têm filhos maiores, podem então morrer. Um famoso caso, que
será inclusive julgado nesta semana, é o de Elisa Samudio. O goleiro Bruno é
acusado de assassinar Elisa, mas a moça havia registrado queixa contra o
goleiro por agressão e dito que ele tinha ameaçado ela de morte e nada foi
feito. Bruno cumpriu sua promessa, eu que foi feito com a queixa de Elisa foi
um simples registro que poderia ter evitado sua morte.
A luta das mulheres é a luta contra o machismo e contra o
capitalismo
Como vemos, a
lei Maria da Penha, na prática não encontra condições de ser implementada. As
mulheres continuam sendo agredidas e assassinadas e contam com o desprezo dos
prefeitos da região, que dormem tranquilos sabendo que isso acontece em baixo
do seu nariz, sem que as prefeituras invistam verbas no combate a violência a
mulher. Essa realidade ocorre quando temos uma presidente mulher, mas que
infelizmente, em vez de aumentar as verbas para o combate a violência, na verdade
efetuou cortes no orçamento dedicado a política para as mulheres.
Apesar de ter
presidentes, chefes de estado e líderes de corporações do sexo feminino,
Giseli, Eloá, Elisa e tantas outras nos dão o retrato de uma sociedade que
oprime as mulheres e as explora mais, pagando-lhes piores salários, restando a elas os piores
postos de trabalho, não permitindo que tenham segurança para serem mães, pois
faltam creches para deixar seus filhos, saúde, educação etc e também impedindo
que decidam se querem ou não serem mães, deixando que milhões morram por fazer
abortos clandestinos. Esta sociedade é a sociedade capitalista que usa o mito
de que as mulheres são inferiores, que nasceram com a tarefa de cuidar do lar e
dos filhos, para não investir no serviço público e também para pagar para todos
salários inferiores.
O socialismo para acabar de vez com a opressão da mulher
É por isso
que precisamos, sim, lutar contra o machismo e todas as suas manifestações, mas
o machismo é mais uma faceta do capitalismo, que deve ser nosso principal alvo.
Por isso a luta contra a violência, a submissão e super-exploração das mulheres
deve ser também a luta por uma sociedade socialista, onde mulheres e homens
construam com igualdade uma sociedade sem exploração.
PARTICIPE DO ENCONTRO MULHERES EM LUTA DO ABC!
Unir as
mulheres para discutir e se organizar contra o machismo e a violência
Por Lígia Gomes, diretora do sindicato dos técnico-
administrativos da UFABC e ex-candidata a prefeita pelo PSTU em SBC
Semana passada mais uma
mulher foi assassinada pelo companheiro, dessa vez em Diadema. Além da
violência sei a dificuldade que nós, mulheres trabalhadoras, encontramos para
conseguir vagas nas creches. Aqui em São Bernardo faltam cerca de 40 mil vagas
em creches públicas. A dura realidade das mulheres e o descaso dos governos
exige uma resposta de nossa parte. Precisamos nos encontrar para debater os
problemas e organizar a nossa ação para enfrentar o machismo na sociedade, que
se expressa através da violência, dos baixos salários, da falta de creches.
O Movimento
Mulheres em Luta nasceu para ser uma ferramenta das mulheres e vem organizando
centenas no país inteiro. O PSTU apóia este movimento de mulheres
trabalhadoras, pois é independente de governos e patrões, condições
fundamentais para poder defender até o fim os direitos da mulheres. Pois
sabemos que os governos e os patrões são os principais responsáveis pelas
mazelas que as mulheres sofrem, não podendo ser aliados nessa luta.
Dia 24 de
Novembro é véspera do dia latino-americano de luta contra a violência à mulher,
neste dia o Movimento Mulheres em Luta fará um encontro com mulheres de todo o
ABC, para marcar nosso protesto contra a violência, nos organizar por mais
direitos, e definir nossas ações na região. Participe do Encontro. Será na rua Gertrudes de Lima, 244, Centro de Santo André, das 9hs às
12:30, haverá café da manhã a partir das 8:30hs e também haverá creche no local
(para quem necessitar da creche envie e-mail para eventomml@gmail.com). Nos vemos no Encontro!