21 de nov. de 2012

Em 25 de Novembro, dia latino-americano de combate a violência às mulheres dizemos: Chega de violência! Só a lei não basta! É preciso fazer valer!

Por PSTU ABC
 
Giseli, Eloá, Elisa Samudio: até quando veremos mulheres serem assassinadas?
                Na madrugada do dia 16 de novembro Giseli das Dores de 30 anos foi assassinada com tres tiros, pelo seu companheiro, num bar em Diadema. Giseli foi mais uma vítima da realidade dura em nosso país, onde uma mulher é morta a cada duas horas, a maioria por seus próprios companheiros, e onde a cada dois minutos cinco mulheres sofrem algum tipo de agressão física e da qual não faltam exemplos em nossa região: como Giseli, Eloá também foi assassinada por seu companheiro em seu próprio apartamento em Santo André. Esses dados são de 2010 e foram recolhidos com base nos atendimento do SUS, mas infelizmente, de lá para cá a realidade segue muito complicada. No ABC os dados são também assustadores, além dos assassinatos e das agressões físicas, denunciam um estupro por dia na região.
                Infelizmente, a lei Maria da Penha que poderia ser um avanço, segue não tendo equipamentos públicos e verbas que garantam sua implantação na prática. No ABC as Delegacias de Mulher só funcionam em dias e horários comerciais, assim como os centros de referência que foram criados para atender as vítimas de violência. Mesmo se Giseli tivesse tido tempo de procurar uma delegacia ou um centro de referência para se proteger e denúnciar seu assassino teria dado com a cara na porta, já que o assassinato ocorreu na madrugada, como a maioria dos casos.
                As mulheres que correm risco de vida, perseguição também difícilmente terão amparo, já que na região existem apenas duas casas abrigo públicas, com 20 vagas cada, divididas para as sete cidades do ABC. Com isso vários critérios definem quais mulheres podem morrer e quais devem ser protegidas. Nesses abrigos, por exemplos, só companheiras com filhos menores podem solicitar proteção, as que não têm filhos ou têm filhos maiores, podem então morrer. Um famoso caso, que será inclusive julgado nesta semana, é o de Elisa Samudio. O goleiro Bruno é acusado de assassinar Elisa, mas a moça havia registrado queixa contra o goleiro por agressão e dito que ele tinha ameaçado ela de morte e nada foi feito. Bruno cumpriu sua promessa, eu que foi feito com a queixa de Elisa foi um simples registro que poderia ter evitado sua morte.
 
A luta das mulheres é a luta contra o machismo e contra o capitalismo
                Como vemos, a lei Maria da Penha, na prática não encontra condições de ser implementada. As mulheres continuam sendo agredidas e assassinadas e contam com o desprezo dos prefeitos da região, que dormem tranquilos sabendo que isso acontece em baixo do seu nariz, sem que as prefeituras invistam verbas no combate a violência a mulher. Essa realidade ocorre quando temos uma presidente mulher, mas que infelizmente, em vez de aumentar as verbas para o combate a violência, na verdade efetuou cortes no orçamento dedicado a política para as mulheres.
                Apesar de ter presidentes, chefes de estado e líderes de corporações do sexo feminino, Giseli, Eloá, Elisa e tantas outras nos dão o retrato de uma sociedade que oprime as mulheres e as explora mais, pagando-lhes  piores salários, restando a elas os piores postos de trabalho, não permitindo que tenham segurança para serem mães, pois faltam creches para deixar seus filhos, saúde, educação etc e também impedindo que decidam se querem ou não serem mães, deixando que milhões morram por fazer abortos clandestinos. Esta sociedade é a sociedade capitalista que usa o mito de que as mulheres são inferiores, que nasceram com a tarefa de cuidar do lar e dos filhos, para não investir no serviço público e também para pagar para todos salários inferiores.
 
O socialismo para acabar de vez com a opressão da mulher
                É por isso que precisamos, sim, lutar contra o machismo e todas as suas manifestações, mas o machismo é mais uma faceta do capitalismo, que deve ser nosso principal alvo. Por isso a luta contra a violência, a submissão e super-exploração das mulheres deve ser também a luta por uma sociedade socialista, onde mulheres e homens construam com igualdade uma sociedade sem exploração.
 
PARTICIPE DO ENCONTRO MULHERES EM LUTA DO ABC!
Unir as mulheres para discutir e se organizar contra o machismo e a violência
Por Lígia Gomes, diretora do sindicato dos técnico- administrativos da UFABC e ex-candidata a prefeita pelo PSTU em SBC
 

     
Semana passada mais uma mulher foi assassinada pelo companheiro, dessa vez em Diadema. Além da violência sei a dificuldade que nós, mulheres trabalhadoras, encontramos para conseguir vagas nas creches. Aqui em São Bernardo faltam cerca de 40 mil vagas em creches públicas. A dura realidade das mulheres e o descaso dos governos exige uma resposta de nossa parte. Precisamos nos encontrar para debater os problemas e organizar a nossa ação para enfrentar o machismo na sociedade, que se expressa através da violência, dos baixos salários, da falta de creches.
                O Movimento Mulheres em Luta nasceu para ser uma ferramenta das mulheres e vem organizando centenas no país inteiro. O PSTU apóia este movimento de mulheres trabalhadoras, pois é independente de governos e patrões, condições fundamentais para poder defender até o fim os direitos da mulheres. Pois sabemos que os governos e os patrões são os principais responsáveis pelas mazelas que as mulheres sofrem, não podendo ser aliados nessa luta.
                Dia 24 de Novembro é véspera do dia latino-americano de luta contra a violência à mulher, neste dia o Movimento Mulheres em Luta fará um encontro com mulheres de todo o ABC, para marcar nosso protesto contra a violência, nos organizar por mais direitos, e definir nossas ações na região. Participe do Encontro. Será na rua Gertrudes de Lima, 244, Centro de Santo André, das 9hs às 12:30, haverá café da manhã a partir das 8:30hs e também haverá creche no local (para quem necessitar da creche envie e-mail para eventomml@gmail.com). Nos vemos no Encontro!