PSTU - ABC
Na tarde
desta quinta feira (23/03) uma assembléia foi convocada pelo sindicato dos
metalúrgicos do ABC na Volkswagen em São Bernardo do Campo, algo corriqueiro em
uma categoria com um histórico de assembléias e greves que marcaram sua
trajetória. Porém a atual situação destes trabalhadores trazia muitos temores
sobre o que seria proposto, dado que hoje existem mais de 2 mil
trabalhadores de lay-off ( suspensão do
contrato de trabalho) a ameaça da empresa de demitir, pois constantemente ela
afirma que existe um excedente de mais de mil trabalhadores e a eminência de
uma quebra de acordo de estabilidade que tem vigor até 2019.
Por conta de todos esses fatos os trabalhadores compareceram em peso na assembléia entre as trocas de turno, inclusive com uma grande participação dos mensalistas. Todos com uma grande expectativa que o sindicato iria informa de alguma negociação e propor algum encaminhamento para enfrentar esta situação complicada.
Mas logo nas
primeiras palavras do secretario geral do sindicato,Wagnão, e depois do presidente
do sindicato Rafael Marques, os trabalhadores perceberam que era uma assembléia
armada para defender o Governo Dilma e o PT. Quando pela primeira vez o nome da
Presidenta Dilma foi mencionado às vaias calaram o presidente do sindicato,
muitos trabalhadores viraram as costas e abandonaram a assembléia, deixando os
diretores do sindicato constrangidos e furiosos, com o rechaço que os
trabalhadores estavam demonstrando, iniciou-se um
coro de “fora, fora” contra o sindicato. Alguns
trabalhadores chegaram a gritar também “fora Dilma” e outros “fora PT”.
Há cerca de
6 meses, uma assembleia chamada no pátio da fábrica também impediu que o diretor
do sindicato pudesse defender o governo, e no dia 29 de março do ano passado em
um ato contra a retirada de direitos, Vagner Freitas, presidente da CUT foi
vaiado ao tentar defender Dilma, em um ato com cerca de 20 mil trabalhadores.
A recusa dos trabalhadores a defender o governo neste momento, em meio a uma grave crise política, se tornam históricos. Justamente porque a região, que é conhecida como o berço
do PT, e a categoria que por décadas teve como seu principal líder, o Lula, vê
claramente que o PT governa para banqueiros e empreiteiras e não para os
trabalhadores, enxergam que o governo que esta propondo a reforma da
previdência não merece sua defesa, que hoje o PT governa com o programa do
PSDB, ou seja, da burguesia.
Porém este
rechaço ao PT reafirma a necessidade de uma saída independente da classe
trabalhadora, que nem PT, nem PSDB, nem PMDB tem condições de tirar os
trabalhadores desta situação. Que o impeachment tão propagandeado como saída
pela oposição de direita é trocar seis por meia-dúzia e que precisamos
construir um terceiro campo, contra o governo e a oposição de direita que não
nos representa!
Por isso,
nós trabalhadores não podemos engrossar as manifestações como as do dia 13 de março,
que são convocadas pela Globo, pelo PSDB, que exaltam a Justiça e a Polícia Federal
que são contra os trabalhadores em suas greves e lutas. Mas também não podemos
engrossar os atos que pretendem defender este governo que vem nos atacando
duramente, jogando nas nossas costas a crise econômica.
Queremos colocar para fora todos eles com a força independente dos
trabalhadores.
Os metalúrgicos do ABC já provaram
historicamente sua força, chamamos então a todos transformar esse rechaço e as
vaias de ontem em uma alternativa contra todos aqueles que disputam o governo
para juntos nos atacar. Chamamos a todos para construir as mobilizações do dia
1° de abril com a CSP-Conlutas e o Espaço de Unidade de Ação. Vamos às ruas contra o PT, esse Congresso, PMDB, PSDB e demais
alternativas de direita!